O Brasil pode adicionar até 4,2% ao seu crescimento econômico anual até 2030 com a adoção massiva de inteligência artificial. O potencial é real, mensurável e comparável aos maiores impactos tecnológicos da história recente. O desafio é transformar projeções em política pública, decisão empresarial e ação coordenada.

Em um cenário de adoção massiva, a IA pode gerar um crescimento adicional entre 1,1% e 4,2% ao ano na economia brasileira. É o que mostra a análise do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que compara o impacto da IA no crescimento do PIB de países latino-americanos e caribenhos. O Brasil figura entre os destaques, com potencial semelhante ao de México, Colômbia e Porto Rico.
O Brasil tem escala, mas precisa acelerar sua curva de maturidade digital
O gráfico mostra que o Brasil pode capturar entre 1,1% (cenário conservador) e 4,2% (cenário otimista) de crescimento adicional anual com o uso estratégico de IA até o fim da década. Isso equivale a centenas de bilhões de reais injetados na economia, impulsionando setores como indústria, saúde, serviços financeiros, varejo e logística.
Mas há um alerta embutido nesses números. Para que o cenário otimista se torne realidade, o país precisa superar entraves históricos: baixa digitalização das PMEs, desigualdade de acesso à tecnologia, carência de talentos qualificados e um marco regulatório que ainda avança em ritmo lento.
Estudos do McKinsey Global Institute mostram que países que adotam IA de forma estruturada observam ganhos expressivos de produtividade: até 40% em setores intensivos em conhecimento e até 20% em segmentos operacionais. No caso do Brasil, a oportunidade está em combinar escala de mercado com aplicação prática, especialmente em áreas como governo digital, agro e comércio.
Latinoamérica está diante da sua janela de oportunidade
A América Latina e o Caribe vivem um momento decisivo. México, por exemplo, pode alcançar até 4,6% de crescimento adicional com IA, o maior potencial da região. Já o Chile e a Argentina têm projeções mais modestas, o que reflete não apenas diferenças econômicas, mas também estratégias nacionais de digitalização.
Costa Rica, Colômbia e Peru aparecem com estimativas relevantes, reforçando que a adoção tecnológica já entrou nas agendas públicas da região. O Brasil, com sua base industrial e mercado interno robusto, tem a oportunidade de liderar essa transformação — desde que haja articulação entre governo, setor privado e academia.
A OCDE já apontou que os países que implementam políticas de estímulo à IA, com foco em capacitação, dados abertos, interoperabilidade e fomento à pesquisa aplicada, são os que mais colhem benefícios econômicos reais. A lição é clara: crescimento baseado em IA é uma construção, não um evento.
Adotar IA em larga escala é uma agenda de país, não apenas de empresas
O impacto projetado pela adoção da IA no Brasil é comparável à introdução de tecnologias disruptivas como internet móvel ou automação industrial. Mas ao contrário dessas ondas anteriores, a GenAI pode influenciar diretamente a forma como governos tomam decisões, empresas operam e cidadãos se relacionam com serviços.
Para isso, o Brasil precisa investir em quatro frentes principais: (1) capacitação de pessoas, com foco em IA aplicada aos negócios e políticas públicas; (2) infraestrutura computacional acessível e segura; (3) regulação que incentive a inovação com responsabilidade; e (4) incentivos fiscais e financeiros para acelerar a transformação digital em todo o ecossistema produtivo.
O gráfico representa mais do que projeções econômicas. Ele evidencia que o crescimento do Brasil até 2030 dependerá da capacidade do país de integrar IA ao seu modelo de desenvolvimento. Quem agir agora pode liderar. Quem esperar, corre o risco de depender.
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